Especialista afirma que o grau de maturação de implementação de ESG na indústria têxtil no Ceará se constata em vários casos. (Foto: Envato Elements)
A consultora especializada em programas envolvendo as agendas ESG (Environmental, Social and Governance) e ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável), Alciléia Farias, afirmou que o grau de maturação de implementação de ESG no que concerne a indústria têxtil no Ceará se constata em vários casos, em destaque na reutilização da água para o consumo humano. “Hoje, a água usada em atividades de limpeza e jardinagem é tão bem tratada que eu consigo cozinhar com ela. É possível ter o consumo humano de uma água que era um efluente”, enfatiza.
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Para Alciléia, que também exerce a função de coordenadora do Núcleo ESG da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), ela relata que a indústria têxtil se insere num papel de mandatário, porque, segundo ela, é o segundo segmento que mais polui no mundo, perdendo apenas para a área da construção civil. A especialista afirma que a mão de obra do setor é barata, e que carece de registro no âmbito de legislações trabalhistas. “E isso a gente não aceita mais no mercado. Isso é crime, práticas análogas à escravidão configuram crime”, pontua Alciléia.
De acordo com a consultora, a função da certificação, no sentido de regulamentar ações e promover o ambiente de negócios mais saudável, tem angariado uma procura por parte das empresas, pois ela aponta que risco não se elimina, mas mitiga e se gerencia.
Segundo Alciléia (foto), a Fiec disponibiliza uma auditoria, sob critérios de uma entidade mundial denominada de Bureau Veritas Quality International (BVQI), o qual averigua na corporação os componentes de indicadores ESG. Durante o processo de análise se investiga 74 indicadores, numa sistemática que dura até 12 meses, no entanto esse período pode reduzir para até 10 meses.
Atualmente, a Fiec tem mais de 60 entidades sendo avaliadas e com 24 certificações já entregues. Na auditoria, os técnicos estudam planilhas de documentos, fotos e vídeos, para fornecer uma classificação do panorama da instituição.
“A gente tem se deparado com excelentes práticas, muitas indústrias que já foram certificadas, que já estão buscando a certificação, destas que estão em processo de certificação, nos apresenta compromissos globais, com objetivos de desenvolvimento sustentável, nos mostram estruturados o que são suas práticas ambientais, sociais e de governança corporativa. Ultrapassam o que pregam a determinação legal, trazem grandes benefícios, de recuperação ambiental, de preservação ambiental, a gestão de resíduos, a economia circulando”, salienta Alciléia.
As declarações foram realizadas na sede da Fiec, em Fortaleza, durante a edição 2025 da Semana Fashion Revolution, programa nacional que promove o debate sobre as tendências que abordam sustentabilidade, inclusão, saberes manuais e inovação no setor têxtil.
O evento conta com a participação de especialistas, educadores e coletivos locais. As atividades acontecem a partir desta terça (22) e vão até o dia 27 de abril, na Fiec, no SENAI Parangaba, na Unifanor e no Centro de Design do Ceará (KUYA).
“O engajamento comunitário é peça-chave para a transformação da moda. O Brasil é um gigante têxtil e, ao mapearmos, em conjunto, os problemas e soluções locais, temos um imenso potencial para gerar impactos positivos no setor, fazendo da moda brasileira uma inspiração para a cadeia têxtil global”, ressalta a diretora executiva do Fashion Revolution Brasil, Fernanda Simon.
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