Em entrevista exclusiva a TRENDS, o presidente da AEDI afirmou que o polo econômico do Complexo Industrial de Maracanaú representa um dos ativos mais estratégicos para o desenvolvimento econômico do Ceará. (Foto: Divulgação)
O economista André Siqueira assumiu a presidência da Associação Empresarial de Indústrias (AEDI), num mandato para o biênio 2025 – 2026. Em entrevista exclusiva para a Trends, André Siqueira, que também é empresário e comanda a indústria de rações Agromix, explana sobre o panorama acerca da importância do polo industrial de Maracanaú, a parceria da entidade com o Parque de Inovação Tecnológica São José dos Campos (PIT), no intuito de aprimorar os serviços para o complexo industrial cearense, além de também discorrer no que concerne a melhoria viária de acesso ao polo industrial. Confira:
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TRENDS: Como você avalia atualmente a importância do polo econômico do complexo industrial de Maracanaú para o estado do Ceará?
André Siqueira: O polo econômico do Complexo Industrial de Maracanaú representa um dos ativos mais estratégicos para o desenvolvimento econômico do Ceará. Consolidado como a primeira e mais tradicional aglomeração industrial do estado, sua implantação teve início na década de 1960 e, desde então, tornou-se referência em densidade industrial, diversidade setorial e geração de empregos. Localizado na Região Metropolitana de Fortaleza, o distrito industrial de Maracanaú possui posição geográfica privilegiada, com acesso direto às principais rodovias (CE-060, BR-116 e Anel Viário), além da proximidade com os portos do Mucuripe e do Pecém, o que o torna um ponto logístico crucial para o escoamento da produção e recepção de insumos.
A estrutura produtiva local é amplamente diversificada, abrigando mais de 16 setores industriais, entre eles os de alimentos, têxteis, vestuário, produtos de borracha, plástico, metalurgia e máquinas. Maracanaú concentra cerca de 45% da ocupação industrial do município, com 28 mil empregos formais diretos no setor, e responde por uma significativa parcela do PIB industrial cearense. Entre 2014 e 2018, o município apresentou crescimento real de 18,01% no PIB, contrastando com o desempenho negativo da média estadual. Isso reflete o dinamismo da sua economia, sustentada por uma base industrial sólida e em constante expansão.
Além do aspecto econômico, o distrito possui uma ampla rede de instituições educacionais e técnicas — como SENAI, IFCE, SEBRAE, UECE — que favorece a formação de capital humano alinhado às demandas produtivas. No entanto, apesar da infraestrutura consolidada e da presença de comitês de inovação e gestão ambiental coordenados pela AEDI, ainda há desafios a superar, como a baixa digitalização dos processos produtivos, a necessidade de maior cooperação entre as empresas e o fortalecimento da governança do cluster.
Em resumo, o Complexo Industrial de Maracanaú é um eixo estruturante para o desenvolvimento do Ceará. Sua relevância vai além da produção industrial: ele contribui para a integração regional, gera emprego e renda, estimula a formação técnica e universitária, e se posiciona como um vetor de competitividade econômica. Para manter e ampliar esse papel estratégico, é fundamental investir na modernização do parque fabril, fomentar a inovação tecnológica e fortalecer os mecanismos de governança e articulação institucional.
T: Quais pontos você considera que precisam ser implementados para a melhoria logística do complexo industrial?
AS: A melhoria logística do Complexo Industrial de Maracanaú passa por iniciativas que ampliem a mobilidade, a segurança viária e a eficiência no escoamento da produção. É visível o esforço da gestão municipal, que tem realizado investimentos importantes na requalificação de vias, sinalização e infraestrutura básica nos últimos anos, promovendo avanços concretos para as empresas instaladas. Ainda assim, alguns trechos, especialmente no Distrito Industrial III, continuam demandando atenção, com necessidade de reforço na pavimentação, drenagem e iluminação para garantir melhores condições operacionais.
Também é relevante buscar a otimização das rotas logísticas, com melhorias nos acessos às principais rodovias, como a CE-060, BR-116 e Anel Viário. A redução de gargalos em entroncamentos e rotatórias pode facilitar o deslocamento de cargas e melhorar a fluidez no trânsito local. Outro aspecto estratégico é a integração com o modal ferroviário e com o Complexo Portuário do Pecém, o que pode abrir novas possibilidades para o transporte multimodal, agregando eficiência às cadeias produtivas.
A criação de áreas de apoio logístico, como pátios para caminhões, pontos de abastecimento e serviços de suporte, também contribuiria para organizar melhor o fluxo de veículos e oferecer mais conforto aos motoristas. Por fim, iniciativas voltadas à digitalização e à integração entre as empresas — como o uso de tecnologias para rastreamento, monitoramento de cargas e gestão de tráfego — podem fortalecer ainda mais a competitividade do polo. Com ações gradativas e parcerias bem articuladas, é possível qualificar ainda mais a infraestrutura logística do distrito e manter Maracanaú como referência no setor industrial do Ceará.
T: Em relação a sua gestão na Associação Empresarial de Indústrias, quais são os principais projetos e propostas, e como está a interlocução com os empresários e a cadeia produtiva do ecossistema de Maracanaú?
AS: À frente da Associação Empresarial de Indústrias (AEDI), nossa gestão tem se dedicado ao fortalecimento institucional da entidade e à construção de uma agenda propositiva, conectada as reais demandas do setor industrial de Maracanaú. Temos buscado ampliar a representatividade da associação, estreitar os laços com os empresários e estimular o engajamento coletivo em torno de pautas estratégicas para o desenvolvimento do ecossistema local.
Entre as iniciativas em andamento, destaco as visitas técnicas às empresas associadas, que têm sido fundamentais para identificar desafios, estimular o compartilhamento de boas práticas e promover um ambiente colaborativo. Também estamos estruturando comitês temáticos — como os de Inovação, Meio Ambiente, Infraestrutura e Capital Humano — com o objetivo de transformar as demandas em propostas concretas, articulando ações junto ao poder público e instituições de apoio.
A interlocução com os empresários tem sido uma prioridade. Estamos promovendo uma escuta ativa, ampliando o diálogo com a cadeia produtiva e fortalecendo parcerias com entidades como FIEC, SEBRAE, SENAI, IFCE e a Prefeitura de Maracanaú. Esses vínculos são essenciais para alinhar esforços em temas como qualificação de mão de obra, segurança, mobilidade urbana e competitividade industrial.
Um dos avanços importantes desta gestão é a aproximação com o Parque Tecnológico de São José dos Campos (PIT), um dos maiores centros de inovação do país. Nos dias 26 e 27 de maio, realizaremos uma missão oficial ao PIT com a participação de empresários e representantes da AEDI. O objetivo é conhecer experiências bem-sucedidas em governança, inovação aberta e integração entre indústria, governo e academia, buscando referências que possam ser adaptadas à realidade do nosso polo industrial.
Seguimos comprometidos em posicionar a AEDI como uma entidade ativa, articuladora e voltada à construção de soluções para o presente e o futuro da indústria cearense, especialmente no contexto dinâmico e desafiador de Maracanaú e da Região Metropolitana de Fortaleza.
T: Sobre obras e investimentos, como a AEDI vai atuar diante das demandas e o que tem se prospectado para os próximos meses?
AS: A AEDI tem buscado atuar de forma colaborativa junto ao poder público e às instituições parceiras para encaminhar as principais demandas de obras e melhorias nas áreas industriais. A partir do diálogo com os empresários, temos identificado pontos que precisam de atenção — como acessos, infraestrutura viária e segurança — e apresentado essas pautas de maneira construtiva aos órgãos responsáveis.
Para os próximos meses, a expectativa é seguir fortalecendo essa interlocução, contribuindo para que os investimentos cheguem de forma gradual e atendam às necessidades mais urgentes do setor. Nosso foco é manter uma atuação contínua, sempre com base na escuta das empresas e no alinhamento com os parceiros institucionais.
T: Presidente, mudando de assunto, nas horas vagas quais são seus principais hobbies e quais as atividades preferidas nos momentos lúdicos?
AS: Gosto de estar com minha família, curtir momentos com minha esposa e meus filhos, seja em casa, em uma viagem ou em algo mais simples do dia a dia. Também tenho mantido uma rotina de exercícios, que tem feito bem para minha saúde e para o equilíbrio mental. Gosto de escutar música, reunir amigos e estar em contato com a natureza. E reservo também meu tempo para a fé — a espiritualidade católica é algo que carrego com naturalidade e que me fortalece nas decisões e nos desafios do dia a dia.
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