Abrir capital de uma empresa é uma façanha audaciosa. Envolve reestruturação da contabilidade, adequação a padrões internacionais e uma gestão transparente. Além de passar por uma burocracia para comprovação dos requisitos mínimos de abertura de capital, que envolvem 12 etapas e muito esforço antes para crescimento sustentável. A abertura de capital objetiva propiciar investidores se associarem com seus recursos financeiros a empresas, tendo como contrapartida retornos maiores que os de produtos financeiros ou físicos disponíveis no mercado, cobrindo os seus custos de oportunidade. Ou seja, para alguém participar em um negócio como sócio, exige robustez nos resultados e uma gestão profissional com consistência nos retornos econômicos.
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Além dos resultados contábeis-financeiros, a empresa deve ter vantagens comparativas no setor que atua. A manutenção da vanguarda, a competitividade, a qualidade e a modernidade na operação são requisitos para empresas se manterem no mercado de capitais. Abrir capital exige um constante vigiar com gerência ativa do negócio. A empresa que se mantém no mercado de capitais se propõe a passar no escrutínio cotidiano de analistas sagazes e com conhecimentos específicos. Portanto, estar com capital aberto é um ato de audácia, particularmente em um país com os problemas de instituições que o Brasil possui, mesmo com os avanços dos últimos anos.
Nesta linha, as notícias provenientes do Ceará são alvissareiras. O Ceará, estado brasileiro com poucos recursos, tem se destacado no mercado financeiro com oito empresas na Bolsa de Valores. É o segundo do nordeste com mais empresas com capital aberto, tendo ocorrido no período recente duas aberturas de capital (IPO – Oferta Pública Inicial) relevantes: Aeris Energy, Pague Menos e Hapvida. Este fato mostra profissionalismo das empresas cearenses e reflexos das instituições estaduais nas governanças, solidez e capital intelectual para o desenvolvimento destas empresas.
Alguns aspectos da administração estadual foram relatados em textos sobre parcerias público-privadas e investimentos em infraestruturas. Neste texto, o setor privado cearense é apresentado em sua pujança e audácia, pois com oito empresas no mercado de capitais, qualquer investidor pode medir os resultados financeiros, contábeis e econômicos destas empresas. Estes resultados são um termômetro do desempenho do Estado que é um promissor abrigo para investimentos com retornos relevantes, segurança fiscal e instituições consolidadas.
* Pesquisador em Economia dos Transportes e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC)