O e-commerce bateu recorde em 2020 com mais de 1,3 milhão de lojas online, um crescimento de 40,7% ao ano. A pesquisa Perfil do E-Commerce Brasileiro, em sua sexta edição, é feita desde 2014 pelo PayPal Brasil em parceria com a BigData Corp. O mapeamento mostra que em 2019, 26,93% dos e-commerces eram de pequeno porte e faturavam até R$ 250 mil por ano. Esses negócios, atualmente, passaram a representar perto da metade das lojas online (48,06%).
Quer receber os conteúdos da TrendsCE no seu smartphone?
Acesse o nosso Whatsapp e dê um oi para a gente.
O consumidor respondeu ao estímulo do comércio com mais lojas operando online. Pesquisa da Go2Mob, especializada em transformação digital das empresas para o universo mobile, aponta que 35% dos brasileiros começaram a comprar pela internet ou aumentaram o volume de compras com a pandemia. Porém 64% dos brasileiros não se arriscaram a ir às lojas físicas, mesmo reabertas. Para o secretário executivo de Comércio, Serviços e Inovação da Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Trabalho do Ceará (Sedet), Júlio Cavalcante, os negócios feitos eletronicamente se tornaram um caminho sem volta.
“A pandemia fez com que os grandes players do e-commerce, como os marketplaces já consolidados como Amazon, Mercado Livre, Magalu, Americanas e Alibaba, os novos e atrativos shoppings virtuais, enxergassem regiões antes não tão visíveis, como o Nordeste. Como o grande diferencial destas plataformas é o prazo rápido de entrega, todos eles estão se movimentando para expandir seus centros de distribuição em regiões fora do Sudeste. Aqui no Ceará estamos em negociações com grande parte deles”
Júlio Cavalcante, secretário executivo de Comércio, Serviços e Inovação da Sedet
Dados da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm) mostram que a presença do e-commerce nas transações de 2020 deve exceder os números de 2019. Entre janeiro e novembro, as compras online no Brasil cresceram 70,3%, praticamente mesmo crescimento do faturamento em nove meses de R$ 115,32 bilhões (69,6%). O aumento no número de lojas que aderiram aos canais online foi ainda mais expressivo: somente no período da pandemia mais de 150 mil lojas passaram a operar remotamente, distante da média mensal de 10 mil novos estabelecimentos antes do coronavírus. Na série histórica 2011/2019, o faturamento via e-commerce passou dos 580% no Brasil.
O e-commerce está se tornando rotina até para as mais tradicionais empresas e sua rede de lojas físicas, adaptando-se ao sistema. Pesquisa do Instituto Ipsos, encomendada pelo Google Brasil, mostrou que metade dos brasileiros compra online e 71% pesquisam primeiro no digital. Em média, são 5 horas diárias que os brasileiros permanecem online e esse hábito facilita a comunicação um a um. Ou seja, o produto e/ou serviço ofertado chega diretamente aos olhos e à mente do consumidor a um clique da compra.
Conforme mapeamento recente realizado pela PayPal Brasil, 76,55% das lojas online se encontram em uma das 211 plataformas de e-commerce, são 2,52 pontos percentuais a mais do que em 2019. Na outra ponta dessa tendência está o varejo tradicional que perdeu 135,2 mil lojas físicas entre abril e junho, auge da pandemia. Para o presidente da Confederação Nacional do Comércio de Bens Serviços e Turismo (CNC), José Roberto Tadros, as vendas presenciais até há pouco foram a principal modalidade de consumo por parte da população. “A relação sabidamente foi invertida por ser o caminho mais ágil e eficiente para o avanço dos negócios”, analisa.
Cenário local
No Ceará o cenário é o mesmo. O uso de ferramentas e plataformas de comércio eletrônico é uma realidade confirmada pela 7ª edição da Pesquisa de Impacto do Coronavírus nos Pequenos Negócios, realizada pelo Sebrae em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Dentre os empreendedores cearenses com aumento de faturamento na crise, cerca de 30% alcançaram o êxito por meio da venda digital.
Comportamento idêntico ocorre com os Microempreendedores Individuais (MEIs). Relatórios da Receita Federal do Brasil – Sistema Nacional de Controle de Acidente de Consumo/ Simples Nacional (Sinac/ Simei) comprovam que, durante a pandemia, mais de 20% dos novos empreendimentos abertos no Ceará são vinculados às atividades de alimentação fora do lar. Do restante, quase 15% são de empreendimentos com foco em alimentos preparados (congelados ou não), segmentos beneficiados pelo sistema de delivery seja de supermercados ou de comida pronta.
Segundo Felipe Melo, articulador da unidade de gestão da estratégia do Sebrae/CE, os números mostrados de diferentes levantamentos coincidem com a Pesquisa Qualitativa de Enfrentamento da Crise de Coronavírus, desenvolvida pelo Sebrae.
“Os insights dos empreendedores quando questionados sobre digitalização apontam para necessidades como conseguir desenvolver operações com ferramentas digitais e disponibilidade de internet robusta e acessível, sendo ambas as colocações elementos detratores das tendências de desenvolvimento de e-commerce”
Felipe Melo, articulador da unidade de gestão da estratégia do Sebrae/CE
Oportunidades
De acordo com o secretário executivo da Sedet, Júlio Cavalcante, o marketplace abre espaço para os pequenos negócios que não estavam preparados para vender na internet. Sem grandes investimentos, esse universo empresarial pode ser incluído no mundo digital apenas pagando uma parte do valor de suas vendas aos detentores das plataformas tecnológicas.
O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE),de Aracati, criou a Fiquenolar, uma plataforma de visibilidade para os pequenos negócios, que apesar de não ter ainda a venda finalizada na web, permite aos comerciantes e prestadores de serviços nas pequenas cidades e nos bairros das grandes cidades ofertarem produtos virtualmente. “A plataforma está em vários municípios do Ceará e já chamou atenção de outros Estados, estando presente em municípios da Bahia e do Rio Grande do Sul, só para citar dois casos”, ressalta Cavalcante.
Destaques