Ainda é muito comum associar o crescimento econômico ao aumento da renda geral. Mas isso é suficiente para definir o que é crescer economicamente? Segundo os estudiosos, a resposta é não. Na sua avaliação, a produtividade é, na verdade, o grande motor do crescimento. Ou seja, a capacidade de produzir mais com os mesmos recursos.

Indústria do conhecimento: capacitação e inovação na busca de novos negócios

Por: Anchieta Dantas Jr. | Em:
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Ainda é muito comum associar o crescimento econômico ao aumento da renda geral. Mas isso é suficiente para definir o que é crescer economicamente? Segundo os estudiosos, a resposta é não. Na sua avaliação, a produtividade é, na verdade, o grande motor do crescimento. Ou seja, a capacidade de produzir mais com os mesmos recursos. De um lado, ela é alcançada com profissionais mais qualificados, o que aumenta a sua capacidade de produção. Do outro, com a inovação, por meio do desenvolvimento e aplicação de novas ideias e tecnologias para melhorar bens e serviços ou tornar a sua produção mais eficiente.


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Dito de forma simples, capacitação e inovação caminham juntas para aumentar a produtividade. Contribuem, assim, para expandir o potencial de crescimento da economia, gerando, por sua vez, mais emprego e renda.
E é aí onde entra a indústria do conhecimento. Ela é a base para o aumento da produtividade. Fomentar esse setor, apontam os especialistas, é essencial para incrementar as oportunidades de investimento em novos negócios, promovendo, na sequência, o crescimento e, por sua vez, o desenvolvimento da economia.

Ou seja, com o aumento da produtividade, os salários dos trabalhadores sobem. Com mais dinheiro, eles podem adquirir mais bens e serviços. Ao vender mais, as empresas tornam-se mais rentáveis, o que permitem-lhes, dessa forma, investir e contratar mais funcionários. “É um círculo que se retroalimenta”, pontua o economista Júlio Cavalcante, secretário executivo de Comércio, Serviços e Inovação da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Trabalho do Estado do Ceará (Sedet).

“A educação, a inovação e o consequente crescimento da produtividade trazem benefícios consideráveis para trabalhadores e empresas. Essa é a dinâmica. À medida que atuamos nessa direção, criamos mais oportunidades”

Júlio Cavalcante, secretário executivo de Comércio, Serviços e Inovação da Sedet

Segundo o professor titular da Universidade Federal do Ceará (UFC), Barros Neto, está comprovado que formar as pessoas vai torná-las mais produtivas e, consequentemente, isso refletirá na maior produtividade das empresas e no bem do Estado. Ele ainda afirma que, historicamente, o país sempre trabalhou muito pouco a educação.

“Começamos tardiamente a valorizar e a buscar a questão do conhecimento. Isso tem gerado problemas sérios de produtividade. Então, a educação torna-se fundamental para corrigir esse problema e expandir, assim, a atividade econômica. Vários estudos refletem o aumento de remuneração que as pessoas têm para cada ano a mais de estudo. Então, isso corrobora que precisamos trabalhar o investimento na educação a longo prazo se quisermos que a economia cresça e se desenvolva”

Barros Neto, professor titular da UFC

Foco na educação

De acordo com o secretário executivo de Comércio, Serviços e Inovação da Sedet, Júlio Cavalcante, o Ceará sempre enfrentou limitações naturais, foi na valorização do capital humano que se encontrou a saída para reverter essa condição. “Ao longo dos anos, o Ceará acabou criando um histórico favorável para a educação. As pessoas viram que teriam que investir na educação para driblar as limitações. Tanto que, atualmente, os cearenses se destacam em vestibulares e concursos importantes em todo o Brasil. Além disso, nos últimos governos do Estado, vê-se um esforço enorme para tornar a educação mais acessível para todos, principalmente para as pessoas de renda mais baixa”, expõe.

Cavalcante ainda destaca que, atualmente as escolas cearenses de ensino fundamental estão entre as melhores do Brasil, o que se reflete também em bons resultados no ensino médio. “Então, isso faz com que consigamos ter mais oportunidades para o capital humano do Ceará”, destaca.

Para o professor Barros Neto, pode-se dizer que o Ceará “está no caminho certo no que diz respeito à educação”. “O investimento em escolas profissionalizantes e o acesso dos alunos aos laboratórios têm sido fundamentais. Porém, é preciso estar sempre buscando novos e maiores desafios. A melhor formação de professores para o ensino fundamental e médio seria um deles”, fala.

Fonte: Sedet

A favor do Ceará

Um dos grande trunfos do Ceará na consolidação da indústria do conhecimento, visando o aumento da produtividade e a criação de mais oportunidades de novos negócios para o Estado, tem sido a interiorização da educação. “Já são 122 escolas profissionalizantes, três universidades estaduais, além das federais e 32 Institutos Federais de Educação em todas as regiões do Ceará, levando e produzindo conhecimento, assim como criando oportunidades”, expõe Júlio Cavalcante. Há ainda, 32 Centros Vocacionais Tecnológicos (CVTs), dois Centros Vocacionais Técnicos (CVTec) e duas Faculdades de Tecnologia (Fatecs).

Conforme o secretário executivo da Sedet, ao lado dessa estratégia, o Estado também vem investindo na infraestrutura a fim de apoiar e promover o conhecimento, o empreendedorismo e a inovação. “Nesse contexto devemos enumerar os corredores digitais, o cinturão digital e o hub de cabos submarinos de fibra ótica, levando internet de qualidade para a educação e a pesquisa”, relata o economista, ao lembrar que o Ceará é hoje o estado com maior conexão em banda larga do país.

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Conforme Cavalcante, o Governo do Ceará trabalha, dessa forma, a economia do conhecimento como base para gerar impacto econômico e social.

“A ideia é capacitar os jovens para inovar e empreender, investindo em soluções de alto valor agregado para atender as demandas do setor privado de sua região, isto sem se limitar ao mercado do Estado. São soluções que podem ser exportadas a partir do Ceará, criando oportunidades para que esses jovens fiquem aqui e gerem emprego e renda em suas próprias regiões”, explica.

Segundo ele, os jovens de Quixadá são um exemplo. Eles desenvolveram uma solução tecnológica para a criação de camarão em cativeiro, por meio da Internet das Coisas. “Em Quixadá temos um campus da Universidade Federal com cinco cursos de computação, o que propiciou esses jovens desenvolverem essa solução a fim de atender uma demanda local e que certamente poderá ser exportada para outras regiões e países”, fala Cavalcante.

Clusters Econômicos

Também levando em conta que o conhecimento é o melhor instrumento para aumentar a produtividade e acelerar o desenvolvimento econômico e social em todas as regiões do Estado, a Sedet em parceria com a Secretaria de Ciência e Tecnologia do Ceará (Secitece) e a Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap), por meio do Projeto Clusters Econômicos, buscou incluir o ecossistema de inovação do Estado nesse processo. O projeto atua na articulação e integração da iniciativa privada, academia, instituições de fomento e Sistema S com o intuito de gerar oportunidades nas 14 regiões de planejamento do Ceará.

“Isto se dá com o desenvolvimento e a inserção de inovações aos respectivos clusters econômicos de maior potencial e cuja formação de ensino superior e profissionalizante tenham maior oferta em cada região, sempre combinando essa relação”, diz. Entre os clusters identificados, dependendo da região de planejamento, estão, por exemplo, energias renováveis, agronegócio, logística, saúde, turismo e recursos hídricos.

“Esse projeto pretende elevar a competitividade das regiões pelo incremento de produtividade dessas atividades de maior potencial, criando uma economia baseada em empreendimentos inovadores, aumentando a riqueza com a geração de emprego e renda e a sua melhor distribuição no Estado, reduzindo, assim, as desigualdades. O foco é a regionalização”, ressalta o secretário executivo da Sedet.

Fonte: Banco Central Europeu

Fomento à Inovação

Outra iniciativa relacionada ao conhecimento e à inovação, em curso no Estado, são os editais de fomento à inovação, por meio da Funcap. De acordo com Jorge Soares, diretor de Inovação do Órgão, a atuação da Funcap se divide em inovação empresarial e inovação pública.

“No caso da inovação empresarial, esta se dá por meio de editais de fomento a empresas com faturamento anual de até R$ 4,8 milhões, com 10% de contrapartida, ou então a empresas com faturamento de até R$ 10,5 milhões, que requer contrapartida de 30% por parte da empresa”

Jorge Soares, diretor de Inovação da Funcap

A Funcap tem a área de Inovação há 10 anos. Segundo Soares, os editais são lançados sistematicamente, atendendo as empresas com recursos do Estado ou em parceria com a Finep. Essa estratégia de fomento à inovação empresarial com o apoio do governo por meio dos editais já se provou com sucesso em países como os Estados Unidos por meio do maior fundo de inovação empresarial deles que é o SBIR (Small Business Inovative Research), que foi reproduzido em São Paulo e aqui no Ceará.

“Nesse sentido, há editais de curto prazo, de seis meses, emprestando R$ 100 mil, a fundo perdido, para empresas elaborarem ideias. E outro edital, mais robusto, com 24 meses, de R$ 400 mil, para empresas que tenham ideias já consolidadas, que a gente chama de mínimo produto viável, a fim de que elas possam aprimorar para levarem ao mercado. É como se fosse uma esteira da inovação. Primeiro a ideia, depois o protótipo e em seguida a ida ao mercado”, explica o diretor de Inovação da Funcap.

Na avaliação dele, não haverá ciência no Estado se não houver educação de qualidade. “São coisas que andam juntas. Tanto que os pilares da Funcap são ciência e inovação e, obviamente, a formação de cientistas e inovadores, tentando, inclusive, unir esses dois pilares, ou seja, unir a academia e o setor produtivo – a ciência da academia com a inovação e o empreendedorismo. Qualquer país que cresceu economicamente recentemente e teve redução de desigualdade passou por uma melhoria da sua educação e investimento em ciência e inovação”, pontua Soares.

Inovação no setor público

Outro pilar da estratégia do governo estadual em fomentar a indústria do conhecimento é o Programa Cientista Chefe. A inciativa, diferentemente do Programa Clusters Econômicos, que objetiva unir o meio acadêmico ao setor privado, pretende aproximar a academia das secretarias e órgãos estaduais a fim de identificar soluções de ciência, tecnologia e inovação que possam ser implantadas, melhorando os serviços e a qualidade de vida da população.

Desde o início de suas operações, há aproximadamente dois anos, quando começou a ser desenvolvido, o Programa Cientista Chefe já trouxe vários benefícios para a administração pública. Um dos principais é a economia com serviços de consultoria em áreas prioritárias como Segurança Pública e Educação. Graças ao trabalho dos pesquisadores e centenas de bolsistas, entre estudantes de doutorado, mestrado e iniciação científica, foram desenvolvidos sistemas de acompanhamento que auxiliam, por exemplo, a instalação de um serviço de reconhecimento facial e de veículos, na Segurança, e de acompanhamento de resultados de alunos de toda a rede estadual, na Educação.

Atualmente, o Programa Cientista Chefe mantém pesquisadores cujo trabalho beneficia as áreas de Saúde, Segurança Pública, Educação, Ciência de Dados, Energia, Infraestrutura Viária, Pesca e Aquicultura, Recursos Hídricos, Proteção Social, Ecossistema de Inovação, Meio Ambiente, Judiciário, Agricultura e Economia.

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