Há tempos o termo inovação passou a ser quase onipresente não apenas na iniciativa privada, mas também nas agendas governamentais quando o assunto é desenvolvimento. No caso do Executivo cearense, o Projeto Clusters Econômicos de Inovação optou por incentivar essa agenda dividindo as ações pelo Estado por regiões e suas respectivas potencialidades nesse ecossistema, de […]

Inovação: oportunidades de emprego e empreendedorismo

Há tempos o termo inovação passou a ser quase onipresente não apenas na iniciativa privada, mas também nas agendas governamentais quando o assunto é desenvolvimento. No caso do Executivo cearense, o Projeto Clusters Econômicos de Inovação optou por incentivar essa agenda dividindo as ações pelo Estado por regiões e suas respectivas potencialidades nesse ecossistema, de olho em oportunidades de emprego e empreendedorismo. A ação é viabilizada pelas secretarias do Desenvolvimento Econômico e Trabalho (Sedet) e Ciência e Tecnologia e Educação Superior (Secitece), além de contar com suporte vinculado da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap).

Segundo a expectativa dos responsáveis pela iniciativa, os benefícios imediatos que podem advir de todo esse processo consistem em oferecer uma maior competitividade dos empreendimentos locais; a criação de uma nova economia, que terá por base a inovação – aí incluem-se fortemente as diversas novas startups que têm surgido a cada dia no Ceará -, e uma melhor distribuição de renda.

O projeto vai atuar na articulação e integração da iniciativa privada, academia, Sistema S e instituições de fomento e está chegando a sua segunda fase, de acordo com o cronograma previsto.

“Queremos unir o potencial econômico de cada segmento com oferta de capital humano. É isso que demonstra a real força do setor. E isso nos leva a acreditar que, se agente inserir a inovação, vamos ter condições de tornar cada setor mais competitivo e vamos obter os três grandes objetivos desse projeto, que são aumentar a riqueza da região, melhorá-la em sua distribuição pelo Estado e reter talentos em seus locais de origem”, descreve o secretário Executivo de Comércio, Serviço e Inovação da Sedet, Júlio Cavalcante.

O gestor aponta o envolvimento direto do empresariado como um dos motores do projeto, apesar do momento difícil enfrentado pela sociedade e economia durante a pandemia do novo coronavírus.

“A iniciativa privada está surpreendendo. Estamos em crise e a pressão em tempos como esse se torna muito grande, mas ao mesmo tempo a crise gera esse sentido da urgência e a necessidade de realizar mudanças que na fase de calmaria a gente não consegue. E as coisas estão andando bem”, avalia o gestor.

Em cada uma das 14 regiões de planejamento existentes – divididas segundo metodologia do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece) – estão sendo definidos os clusters econômicos que deverão ter prioridade, de acordo com as respectivas potencialidades e oferta de ensinos superior e profissionalizante para cada parte delimitada do território estadual.

Como resultado, foram apontados os seguintes clusters: Energias Renováveis; Agropecuária; Tecnologia da Informação e Comunicação; Turismo; Segurança Hídrica; Cadeia da Saúde; Logística; Têxtil e Calçados; Economia Criativa; Economia do Mar e Hubs (Aéreo, Portuário e Tecnológico).

Quatro das áreas de planejamento abriram os trabalhos do projeto ainda em 2019 – Grande Fortaleza, Sertão de Sobral, Vale do Jaguaribe e Sertão Central. Por sua complexidade e grande densidade populacional, a Capital acabou sendo fragmentada em três sub-regiões. O foco nas outras dez regiões será dividido em duas partes, cujas respectivas primeiras rodadas devem ser concluídas até o fim da gestão Camilo Santana, em 2022.

Para simplificar a ideia central, é como se cada peça do “quebra-cabeça” da inovação no Ceará, seguindo critérios técnicos pré-definidos, fosse devidamente encaixada no local específico para fomentar o desenvolvimento econômico. Mas como foram esses setores foram alçados ao posto de prioritários? Por intermédio de análises qualitativa e quantitativa, capazes de indicar potencialidades de cada região para se tornar referência nos mais diversos segmentos.

Assim, se determinada região já possui uma boa participação no Produto Interno Bruto (PIB) do Estado na cadeia da saúde, por exemplo, com uma boa rede de hospitais, cursos superiores e oferta considerável de profissionais para a área, tem boas chances de ser definida como uma prioridade por ali.

“À medida em que consigamos implantar esses polos em algumas regiões, eles terão um efeito multiplicador muito forte. Começamos em áreas que contam com uma massa crítica (com pesquisadores e problemas que demandam soluções), exatamente para mostrar esse fator multiplicador e servirem como exemplo. Então, entendo que se a gente conseguir avançar, em cada região dessas, em pelo menos dois clusters, já com soluções implementadas, isso vai gerar um impacto, um fator multiplicador forte para espalhar a iniciativa por todo o Estado. Se somarmos as quatro primeiras regiões contempladas, só aí já serão oito clusters, o que já significaria um marco forte para transformar o Ceará em um polo de inovação na Região Nordeste”, projeta o secretário.

Como funciona

O cronograma da iniciativa prevê, ao todo, quatro macro-etapas. Num momento inicial, responsáveis por discutir e tratar informações concernentes à inovação, como técnicos das pastas do Executivo, entidades de classe, Sistema S, Ipece, universidades e órgãos financiadores da pesquisa e inovação, entre outros, se reúnem para realizar essa delimitação, que seria completada num momento seguinte, junto aos players locais de inovação, tais como representantes dos ecossistemas regionais da iniciativa privada, das secretarias especializadas das prefeituras e da área acadêmica.

Finalizada a fase de preparação, é hora de se concentrar em projetos inovadores pensados por empreendedores – startups -, com soluções para problemas locais e aprimoradas sob o olhar de pesquisadores especializados em cada setor.

Futuramente, tais soluções poderão originar produtos para questões semelhantes em outras partes do Brasil e do mundo.

No fim, resta a avaliação e monitoramento dos resultados obtidos, seguida pelo planejamento e a retomada de novos ciclos futuros. O atual vai até o fim de 2022 e almeja incentivar 53 clusters, ter 530 projetos modelados e 583 bolsas concedidas.

A sistemática, defendem seus idealizadores, dá oportunidade para que a relevância de cada proposta seja classificada no seguinte formato: as candidaturas são sabatinadas por uma banca examinadora, sob os critérios impacto na competitividade do cluster, sustentabilidade do empreendimento inovador e viabilidade de execução. Se aprovadas, acabam premiadas com bolsas da Funcap para continuar a desenvolver seus protótipos.

“Tanto os setores que já são competitivos tendem a ficar mais fortes e, consequentemente, empregar mais gente, como teremos oportunidade de empreendedorismo a partir das startups que vão surgir no local”, resume Cavalcante.

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